Vivemos numa época de autêntica praga como pensávamos já não ser possível no século XXI. Apesar de toda a tecnologia, avanços da ciência e recursos, a infeção Covid-19 espalhou-se rapidamente por todo o mundo isolando pessoas, bloqueando a economia, levando os sistemas de saúde ao limite e provocando a morte de milhares de pessoas.

O problema do mal e do sofrimento é uma questão antiga para quem quer (e para quem não quer) aproximar-se de Deus. A maior parte dos cristãos, pessoas que conhecem e confiam em Jesus Cristo, entende Deus como criador e a origem de tudo o que existe. Mas por que permitiria um Deus amoroso e justo o sofrimento de tantas pessoas?

Na Bíblia, enquanto apresentação e revelação de Deus, entendemos que já não estamos no “Plano A” de Deus - seres humanos a viver em comunhão permanente com Ele. Estamos no “Plano B” ao escolher viver e conduzir a vida e a sociedade à nossa maneira, escolhendo ser, no fundo, o nosso próprio “deus” ou colocando em primeiro lugar outros “deuses” como o interesse próprio, a influência social ou o conforto económico. Outro nome para este estado, na perspetiva de Deus, é “pecado” que significa “errar o alvo de Deus”.

Na Bíblia lemos que “Todos pecaram, tendo perdido o direito de acesso à glória de Deus. E pela sua graça, que não merecemos, nos declara justos, pela obra redentora de Jesus Cristo, sem nada pagarmos para dela beneficiarmos. Na verdade Deus enviou Jesus Cristo para propiciação pelos nossos pecados, pela fé no sangue que Jesus derramou por nós. Deus mostrou a sua justiça ao redimir os pecados antigos.” (Carta aos Romanos 3:23-25, tradução em português moderno “O Livro”).

Também “Jesus disse-lhe: Sou eu o caminho. Sim, e a verdade e a vida. Ninguém pode chegar ao Pai sem ser através de mim. Se tivessem sabido quem sou, então saberiam também quem é o meu Pai. A partir de agora, já o conhecem e o têm visto!” (João 14:6-10, tradução “O Livro”).

A mensagem é clara: as "boas notícias" (significado da palavra Evangelho) são que é possível voltar à companhia e comunhão com Deus através de Jesus como menciona o texto. Quem está assim reconciliado com Cristo está seguro, aconteça o que acontecer (Carta aos Romanos 8:38-39).

E o que podemos fazer em época de praga? Faz-nos lembrar as palavras de Martinho Lutero em relação à peste bubónica há quase 500 anos, mas surpreendentemente atuais:

“Pedirei a Deus para, misericordiosamente, nos proteger. Então farei vapor, ajudarei a purificar o ar [hoje, seguindo os conselhos preventivos da DGS], a administrar remédio e a tomá-los [cumprindo as recomendações médicas de tratamento]. Evitarei lugares e pessoas onde a minha presença não é necessária para não ficar contaminado e, assim, porventura infligir e poluir outros e, portanto, causar a morte como resultado da minha negligência [isolamento social, respeito pelo outro]. Se Deus quiser levar-me, ele certamente vai fazê-lo e eu terei feito o que Ele esperava de mim (...) Se o meu próximo precisar de mim, não evitarei o lugar ou a pessoa mas irei livremente conforme declarado acima [mantendo todos os cuidados necessários]. Repare que esta é uma fé que respeita a Deus, porque não é insensata e não tenta Deus”

Cit. Luther’s Works, Vol. 43: Devotional Writings II, ed. Jaroslav Jan Pelikan, Hilton C. Oswald, and Helmut T. Lehmann, vol. 43, Philadelphia: Fortress Press, 1999, 119–38)

Vamos fazer cada um a sua parte, com responsabilidade e esperança, pedindo a Deus por todas as necessidades com confiança no Seu amor e soberania, orando pelas autoridades (I Timóteo 2:1-2), ajudando quem precisa de forma prática, partilhando o Seu Evangelho no meio de tantas notícias más.

“Não alimentem preocupações seja pelo que for, antes apresentem os vossos cuidados em oração e súplicas perante Deus. Exponham-lhe todas as vossas necessidades, sem esquecer de lhe expressar o vosso agradecimento. Então, a paz de Deus, que ultrapassa tudo o que a mente humana pode naturalmente compreender, conservará o vosso espírito e os vossos sentimentos em Cristo Jesus.” (Carta aos Filipenses, tradução “O Livro”)

Fiquem nesta Paz!

Não tem a certeza de estar reconciliado com Deus? Veja aqui: Paz com Deus

Filipe Silva